A última semana foi marcada por uma nova vaga de notícias que associam pílulas a episódios de tromboembolismo venoso [trombose venosa profunda, embolia pulmonar], desta vez, à pílula Yasmin e depois da grande polémica com a Diane 35. O que naturalmente, causa preocupação e muitas dúvidas e perguntas. Por isso hoje, vou tentar responder a algumas dessas dúvidas.
A maioria das pílulas são contracetivos hormonais combinados, CHC, pois contêm uma associação de estrogénios e progestagénio [derivados da progesterona]. Os anéis vaginais, os sistemas transdérmicos também são CHC.
E sim, há um risco de tromboembolismo com estes medicamentos, apesar de ser muito baixo. O risco de tromboembolismo varia de acordo com o CHC em questão, dependendendo do prostagénio que tem e varia entre 5 a 12 casos por 10 000 mulheres.
E quais são os fatores que aumentam o risco de tromboembolismo?
Os fatores de risco são, entre outros:
- ter excesso de peso
- ser fumadora
- ter mais do que 40 anos,
- histórico familiar de tromboembolismo,
- ter histórico de enxaquecas,
- maternidade recente.
O risco de ter um episódio de tromboembolismo é maior no primeiro ano de uso de um CHC ou quando se retoma depois de um período de interrupção de pelo menos um mês.
Quais são os sintomas de Tromboembolismo Venoso para os quais devemos estar alerta?
- Dor intensa ou pernas inchadas,
- Falta de ar repentina e sem explicação,
- Tosse repentina ou respiração acelerada,
- Dor no peito,
- Fraqueza ou entorpecimento da face, braços ou pernas.
A mulher que desenvolva algum destes sinais ou sintomas deve procurar ajuda médica imediata.
Conforme referido, o risco de TEV difere com o tipo de progestagénio que o CHC contém [é só ver o nome na embalagem]. Como termo de comparação, o risco de TEV em mulheres que não tomam qualquer CHC e que não estejam grávidas, é de cerca de 2 casos em 10.000, anualmente.
Progestagénio | Estimativa de risco anual[por 10.000 mulheres que tomam estes medicamentos] |
Levonorgestrel [Microginon, Miranova, Mirena, Trinordiol e seus genéricos]NorgestimatoNoretisterona | 5 a 7 casos |
Etonogestrel [Nuvaring, Circlet, Implanon NXT]Norelgestromina [Evra] | 6 a 12 casos |
Gestodeno [Gynera, Harmonet, Minigeste, Minesse, Tri-Gynera, Tri-Minulet e seus genéricos]Desogestrel [Cerazette, Marvelon, Mercilon, Gracial, Novynette e seus genéricos]Drospirenona [Yaz, Yasmin, Yasminelle e seus genéricos] |
9 a 12 casos |
Os dados disponíveis sobre o risco de TEV para os CHC que contêm cloromadinona [Belara, Libeli], dienogest [Valette, Qlaira] e nomegestrol [Zoely] não são ainda suficientes para comparar com os dos outros CHC. No entanto, estão a decorrer ou estão planeados estudos para obter esta informação.
Como se observa na tabela, os contracetivos que contêm desogestrel, gestodeno ou drospirenona têm um risco bastante superior comparativamente aos contracetivos combinados que contêm levonorgestrel.
E quanto à Diane 35 e seus genéricos?
A Diane 35 está indicada no tratamento da acne moderada a grave androgeno-dependente e/ou hirsutismo [aumento de quantidade de pelos na mulher em locais usuais ao homem], em mulheres em idade fértil. Uma vez que a Diane 35 também atua como contracetivo hormonal, não deve ser utilizado em combinação com outros contracetivos hormonais.
Os estudos evidenciam que a incidência de TEV é 1,5 a 2 vezes superior em utilizadoras de Diane 35 do que em utilizadoras de contracetivos combinados que contêm levonorgestrel e poderá ser semelhante ao risco associado aos CHC que contêm desogestrel, gestodeno ou drospirenona.
Todos estes medicamentos são sujeitos a receita médica. Em caso de dúvida, consulte o seu médico ou farmacêutico.
Referências: Infarmed, EMA [Agência Europeia do Medicamento].