Asiáticos Podres de Ricos e o viver na Ásia!

CRAZY RICH ASIANS. Traduzido para português, Asiáticos Podres de Ricos. Alguém leu os livros ou já viu o filme?
Este conceito do CRAZY LIFESTYLE, CRAZY SHOPPING parece algo hiperbólico para quem não vive na Ásia. Basicamente, é um Gossip Girl baseado na Ásia, com todos os estereótipos e  que se foca na sociedade VVIP da Ásia [porque ser VIP é normal, aqui o mínimo aceitável é ser VVIP]. Para quem sempre viveu em cidades como Hong Kong, Macau, Singapura, é um conceito absolutamente normal. Uma realidade, mesmo para quem não faz parte dela.

Como alguém no outro dia dizia, shopping na Ásia é um desporto. Para muitos [muitos mesmo!] é um desporto de alta competição. Na Ásia, comprar cosméticos é um bem de primeira necessidade. Tão importante como ir ao supermercado. Por aqui, ver os ténis da Gucci é tão usual como ver uns Stan Smith da Adidas. Por aqui, ver miúdas com malas da Chanel, YSL, Dior é um dia absolutamente normal. No autocarro. No cinema. Em todo o lado. O que seria de esperar de uma cidade onde há mais lojas da Chanel do que Zara?

Afinal num clima absurdamente húmido e quente, que mais fazer no tempo livre do que ir às compras? Tirar fotos a comida, também. Não é por acaso que a maioria dos foodies estão em Hong Kong ou Singapura. A pele clara e pálida, um dos sinais de beleza incontestável na Ásia, não é resultado de muitas horas no exterior.

Não é por falta de evidências que Hong Kong é considerada a cidade mais materialista do mundo. E se nem todos são CRAZY RICH ASIANS, a maioria são asiáticos com muito dinheiro.

E não é que não haja materialismo na Europa, porque ter 60 malas é exagerado, sejam da Dior ou da Parfois. A diferença é que aqui é outro campeonato e muito mais frequente. Numa sociedade onde a classe média tem dinheiro para este tipo de luxos, o luxo deixa de ser exclusivo e passa a ser banal.

No entanto, este estilo de vida luxuoso vivido na Ásia tem as suas vantagens. Ninguém recusa a entrada numa das lojas de luxo nem que se esteja com roupa de desporto. Este tipo de julgamentos aqui não existem. Existem outros, obviamente. E nestas cidades onde o luxo é algo normal, e não assim tão exclusivo, onde ir a um spa de luxo é algo que a maioria faz regularmente ou ir beber um copo ao Ritz numa sexta-feira à noite é algo de rotina. Onde jantar numa restaurante de 3 estrelas Michelin é comum. Onde o luxo é mais luxuoso que na Europa. E tem as suas vantagens. Para mim, que não me deslumbro facilmente, que não me levo muito a sério e a minha única tentação são os spas, viver na Ásia tem o seu quê de excêntrico e de irreal. Obviamente que o viver na Ásia destruiu para mim os pequenos almoços de hotel de qualquer outro lado do mundo. E os spas. Mas vai valer sempre a pena pela experiência no geral. E por isso, livros como o Asiáticos Podres de Ricos em que o luxo extremo coabita com uma mentalidade tacanha, que se sente facilmente na Ásia, fazem parte também dessa experiência. E posso dizer que, como na vida real, demasiado luxo cansa e deixa de ser relevante. E foi pelo retrato da mentalidade asiática em todo o seu racismo, elitismo que eu gostei dos livros. Porque isso sente-se na Ásia, mas nem sempre é fácil de se enquadrar. E a forma como o autor vai falando disso com leveza e com humor, torna tudo menos sério, mas não por isso menos real. Ser asiático num mundo ocidental não é fácil, mas ocidental na realidade asiática também não. Mas finalizando a conversa sobre o luxo, o luxo pela Ásia pode ser algo comum e até banal, mas viver aqui claramente é uma experiência irreal.

Photo Credits: Harper´s Baazar US, Feiping Chang in Giambattista Valli Haute Couture photographed by Matthieu Salvaing

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