COVID-19: a experiência de Macau!

O objetivo deste artigo não é repetir as recomendações da DGS. O objetivo deste artigo é dar-vos a conhecer a minha experiência com o COVID-19. Muito se tem falado de Macau como um exemplo do que se fez de melhor na contenção do vírus.

Primeiro, desde o inicio que Macau esteve muito atento ao que se passava na China. Ainda o vírus era conhecido como Pneumonia de Etiologia Desconhecida de Wuhan, e não COVID-19, que já existiam directrizes para a população geral e profissionais de saúde do que fazer.

Com o aparecimento dos primeiros casos, as escolas foram imediatamente fechadas. Os casinos também fecharam por 2 semanas. O governo pediu às pessoas para ficarem em casa, os serviços públicos foram reduzidos ao mínimo, a maioria do comércio fechou e a maioria das empresas pôs os colaboradores a trabalhar de casa. Spas, cabeleireiros, lojas de estética, ginásios, consultórios privados foram todos fechados por decreto do governo. Bares e discotecas também.

Quando se anunciou o fecho dos casinos, as pessoas começaram a entrar em pânico, e a corrida aos supermercados foi inevitável. No entanto, o governo assegurou um reabastecimento estável e após os primeiros dias a situação tornou-se minimamente estável. O que foi mais difícil para mim encontrar foi lixívia, mas a situação já voltou ao normal.

As máscaras foram racionadas para que todos os cidadãos tivessem acesso. 10 máscaras a cada 10 dias por um preço mais ou menos equivalente a 1 euro. As farmácias são meras intermediárias do programa do governo e estão a ser vendidas a preço de custo.

A cidade ficou vazia. Mesmo quem tinha de trabalhar, saía para ir trabalhar e ir ao supermercado. As pessoas cumpriram escrupulosamente as recomendações do governo para ficar em casa, reduzir saídas e evitar aglomerados de pessoas. Vê-se algumas pessoas com luvas também e óculos de sol ou óculos de proteção.

Passou a ser obrigatório usar máscara nos transportes públicos, supermercados e nas empresas. Em muitos supermercados, e outros estabelecimentos de média dimensão medem-nos a temperatura à entrada. Nos centros comerciais usam câmaras térmicas. As lojas continuam com horário reduzido.

Nos prédios, passou-se a desinfetar os botões dos elevadores de hora a hora, bem como maçanetas de portas. Aumentou-se também a frequência de desinfeção dos transportes públicos.

Os jardins e parques públicos fecharam. Só voltaram a abrir na semana passada. Os serviços do estado voltaram ao normal, mas é necessário preencher uma declaração online que atesta que não estivemos em nenhuma das zonas de alto risco e mencionar as cidades que tivemos nos últimos 14 dias. Ocultar informação é CRIME.

Tivemos 10 casos de COVID-19, todos curados. Desde ontem, que temos mais um caso, o primeiro depois de 40 dias sem casos, de uma coreana que regressou na sexta-feira do Porto, Portugal com o namorado português. Neste momento, quem vier de zonas consideradas de alto risco, Coreia, Japão, Austrália, Irão, Egipto e Europa [a partir de amanhã], tem de estar de quarentena durante 14 dias. Quem for suspeito de infeção é encaminhado para umas instalações designadas para o efeito, quem não for suspeito de infeção vai para um hotel designado para quem vem de zonas de alto risco.

Mesmo agora que não existem novos casos, as recomendações mantêm-se. Mesmo aos fim‑de‑semana quando se vê pessoas a passear, todos andam de máscara e não há aglomerados de pessoas.

Não é verdade que as altas temperaturas destroem o vírus, se não, não existiriam casos em Singapura ou na Austrália. Virologistas já confirmaram isso. Isto não é uma simples gripe. Estudos científicos parecem confirmar que quem sofre de infeção por COVID-19 fica com sequelas pulmonares para a vida.

Eu sei que é difícil não entrar em pânico com a situação vivida na Europa, mas é possível manter a esperança que tudo vai melhorar. Não é preciso uma corrida ao paracetamol, aos enlatados nem ao papel higiénico. É preciso seguir as recomendações e ter bom senso. É preciso não olhar de lado para quem usa máscara e não discriminar. É preciso ter consciência, respeitar os outros e evitar saídas desnecessárias. Em caso de suspeita de infeção liguem para a saúde 24, não vão aos centros de saúde nem às farmácias. Só vão colocar em risco profissionais de saúde que não vão poder ajudar-vos e que vão ter de ficar de quarentena.

Algumas dicas!

Com é que eu posso desinfectar superfícies?

Álcool a 70º, que parece que está esgotado em todo o lado ou lixívia diluída. Álcool a 96º não funciona, portanto não vale a pena comprar. Para desinfectar o telemóvel podem colocar um pouco de lixívia diluída em papel absorvente para desinfectar o écran.

Posso receber encomendas?

Sim, claro. É mais seguro receber produtos em casa do que sair de casa estes dias. E se fizeram compras online de Espanha, Itália ou da China estas não estão infectadas.

A minha rotina durante o COVID-19!

  • Usar máscara todos os dias.
  • Lavar as mãos regularmente durante 20 segundos, obrigatoriamente antes de comer, depois de tirar a máscara e ao longo do dia.
  • Usar álcool em gel quando não posso lavar as mãos com água e sabão.
  • Deixar os sapatos à porta [já fazia isto antes].
  • Deixar a mala à porta.
  • Tomar banho mal chego a casa, lavar o cabelo todas as noites.
  • Desinfectar superfícies com lixívia.
  • Reduzir saídas desnecessárias.
  • Ter aulas online, visto que a universidade fechou portas.

A desinformação gera medo. Portanto decidi partilhar a minha experiência, que espero que vos seja útil de uma forma ou outra. Todos precisamos de colaborar no combate ao vírus. É preciso não entrar em pânico, mas também não podemos facilitar. É preciso a ajuda de todos. Os serviços de saúde têm limitações, os profissionais de saúde são limitados, e é urgente ser responsável. Mas quando todos somos responsáveis, e se age de forma rápida, temos exemplos como Macau. E pode-se dizer que Portugal acordou tarde, e que há muitas falhas no combate ao vírus, mas se cada um fizer a sua parte, tudo se torna mais fácil. Persistir, colaborar e melhores dias virão. ??

Um beijinho,

Andreia

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